quinta-feira, 8 de abril de 2010

Diz para mim!

Anteontem liguei. Você foi cortês, frio e não quis saber de minha vida! Não entendo mesmo como pode você não me querer assim, me cortar, extirpar de sua vida como um cabelo cheio de pontas duplas, ressecado e inútil, não valendo nem um óleo para pontas, uma escova, uma hidratação.

Queria gritar no telefone:
- “Eu sinto tanto sua falta, seu cretino! Volta para mim, pelo amor de Deus! Eu farei tudo o que você quiser para te ter de volta, apenas diz que vai voltar. Por favor! Se você não gosta de mim como eu sou agora, me diz como você me quer que eu me transformo! Eu mudo e posso ser alguém que você ame. Só não fica longe de mim. Não me exclui da tua vida, do teu convívio, da tua família, dos teus planos.

Deixa-me deitar toda a noite do teu lado. Volta a usar aliança. Permite que nossas roupas fiquem lado a lado, organizadas e convivendo naquela paz desorganizada do nosso closet. Que meus cremes, perfumes, shampoos usem o banheiro junto com os seus e que, de vez em quando, usemos um do outro, enjoados pela mesmice da cosmética.

Deixe-me fazer as refeições ao teu lado no sofá, enquanto assistimos ao jornal e em seguida à novela. Esteja em casa quando eu chegar para que possa lhe dar um beijo, com você no escritório, trabalhando no computador e que eu possa te perguntar: quer comer o que? Sabendo que na verdade, vou preparar o que eu quiser e que você vai amar assim mesmo!

Atenda meu telefone no fim da tarde de uma quarta, convidando (obrigando) você a ir ver algum filme trash de terror no cinema. Chegue sábado, de noite em casa, após trabalhar e abra uma das tantas garrafas de vinhos, de nossa adega, enquanto assistimos o Telecine e, logo em seguida, a luta livre. Olhe carinhosamente para mim de novo. Ame-me diariamente. Tenha certeza no seu peito novamente que estaremos sempre juntos.”

Mas o meu pequeno e crescente amor-próprio, negado durante tantos anos por mim, sabe-se Deus lá por que, não me permitiu falar isso tudo.

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