quarta-feira, 30 de abril de 2008

Salvador - Capítulo 1/3

Cheiro bom, de comercial de cerveja na praia e de óleo bronzeador. Vento quente na cara, noturno e refrescando calorosamente meu pescoço. Assim foram os primeiros minutos em Salvador.


Não estranhei, só justificou, legitimou e confirmou o porquê da atração e fascínio que a Bahia exerce nas pessoas. É aquilo tudo mesmo! As historias a cheiro de canela, pele morena e gosto de dendê deixadas por Jorge Amado. A vida devagar e intensa colocada em forma de música e poesia pelos Caymmi. Enfim, uma série de lugares-comuns que invadiram a minha cabeça fantasiosa e juvenil com a ajuda da mídia.


O povo é muito simpático. Muito mesmo! Aliás, os cariocas me desculpem, mas os baianos até agora são os mais simpáticos e engraçados. Também muito acolhedores e hospitaleiros. De uma forma despretensiosa e natural, pertencente aos que possuem isso cultivado, mastigado e legitimado por gerações e gerações de cultura receptiva.

E como são belos, os baianos! As mulheres são lindas. Bem brasileiras! Morenas, sinuosas, ondulantes, de belos rostos, cinturas finas e muito calipígias. Os homens são brilhantes, sedutores, fortes, seguros, com ginga e malícia. Em especial, os negros. E raro são os que não sabem dançar.

Não tem como não falar do sotaque. Para mim, curioso e fascinante. Possuem um jeito cantado, embalado de falar, como se estivessem ninando crianças, como avó embalando netos.

O curioso é que apesar desta forma cordial de levar a vida, dirigem muito rápido. MAS MUITO MESMO! Quase a ponto de serem barbeiros, mas sem ultrapassar (realmente, não é lenda) calma-lentice e tranqüilidade peculiar.

Quando eu aterrissei era em torno das 20h e peguei um táxi para o hotel. Walmir, taxista muito gente fina (quem quiser o telefone, me peçam que eu dou depois). Simpático, baixinho, calmo (claro) que conseguiu com sua tranqüilidade driblar pacientemente, sem buzinar, piscar, ou alterar o tom de voz se esquivar de um carro “muitcho locco” que cruzava a pista como um “pinball” e já tinha perdido todos os retrovisores. Óbvio que o motorista estava um pouco "alterado" pois quando ele não estava cochilando no volante, estava com um olhar fixo, vidrado e embaçado, de peixe em feira de rua. Seguia pela avenida, fechando todos, batendo na mureta de cimento (sim, cimento) na mesma velocidade constante de 100 km/h. E Walmir ali, controlado, nos falando do Senhor do Bonfim, da lavagem do Pelourinho e do Acarajé da Keka.

Continua depois do próximo post...

Um comentário:

F disse...

ah, amei o post... sou louco pra conhecer salvador (chego a pensar que vou morar lá), além do que sou muito místico e sua história é pra lá de interessante! muito bom o diálogo - eficiente, por sinal - estabelecido com os espíritos. é isso, sheila mediúnica!

pretendo ser +1 dos seus leitores, vc escreve muito bem. sei que esse é um atributo esperado dos comunicólogos, mas talento tem disso: uns tem, outros não tem. e você tem!

ahaza, bee!
beijo!